Sejam Bem-Vindos**********Sejam Bem-Vindos**********Sejam Bem-Vindos**********Sejam Bem-Vindos

Pesquisar este blog

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

ARMADURA DE DEUS


Menina que dá brechas ao inimigo é atingida por setas e dardos inflamáveis de Satanás.

Quando reconhece que pecou, um anjo do Senhor a reveste com toda armadura de Deus.

O capacete da salvação e a espada que é a Palavra de Deus para “resistir às ciladas do Diabo” (Ef 6:11). Insatisfeito, o demônio que a atormentara se frustra, tendo que dar satisfação ao seu “superior”, o Capeta.

Esta é uma outra ARMADURA DE DEUS, temos outra peça com o mesmo nome no site. Pra ver a outra...

“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.
Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade, e vestindo-vos com a couraça da justiça.
Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz, embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.
Tomai também o capacete da salvação e a Espada do Espírito, que é a palavra de Deus;”
Estamos num campo de batalha, onde Satanás lança mão de seu “armamento pesado”. E nós, se não estivermos devidamente “trajados” para esta batalha, certamente seremos derrotados.

Ato Único

Cenário: Quarto de Wanda. Os objetos do quarto são todos invisíveis, com exceção de uma cama localizada um pouco afastada do centro do palco. E é do lado oposto do palco que o personagem Demônio montará seu “Quartel General”.
Cena I
(A peça inicia-se com a personagem Wanda sentada na cama, na extremidade voltada para a platéia. A moça está vestida de pijama, descalça, embora seus chinelos estejam abandonados numa das laterais da cama. Ela se encontra fazendo as unhas).
(Entra em cena o personagem Demônio, trazendo uma caixa de papelão, na qual traz suas “ferramentas”. Numa determinada distância de Wanda, Demônio descansa a caixa no chão. Ele seca o falso suor do rosto e se apressa em tirar suas “ferramentas”, que são: espadas, uma caixa das do tamanho das de sapato, uma caixa estreita e comprida (onde supostamente encontram-se os dardos), etc.)
(Wanda se levanta, sem apanhar os chinelos. Ela avança até a penteadeira invisível, penteia os cabelos em frente a um espelho, também invisível. A suposta penteadeira encontra-se entre a personagem e a platéia).
(O personagem Demônio se aproxima da moça. Ele faz mímica de procurar algo nas gavetas da penteadeira, como se estivesse à procura de algum objeto suspeito que incrimine a jovem, ação esta que se equipara à que ele pratica em relação às nossas vidas, procurando por um pecado não confessado. O Demônio vasculha, abre várias gavetas ao mesmo tempo, joga coisas invisíveis para o alto e fecha gavetas com o pé. Ele demonstra impaciência).
(Wanda em nenhum momento percebe a presença do outro personagem. Ela, feliz, se perfuma e se maquila assobiando uma canção).
Demônio: (frustrado por não ter encontrado nada nas gavetas) Mas que droga! Não achei nada. (à Wanda, embora ela não consiga perceber sua presença) Mas isso não vai ficar assim! (sardônico) De santa você não tem nada, mocinha! Eu a conheço! (aproxima-se um pouco mais da outra personagem). (como que tentando hipnotizá-la ao som de sua voz) Você está com fome!
Wanda: (interrompe subitamente o assobio). (olha desconfiada para o estômago) Estranho! (prossegue o assobio, agora desafinado).
Demônio: (sussurra) Wanda, ouça-me! (quase que soletrando as palavras) Você está com fome! Você está morrendo de fome! Uma fome muito grande! Fome! Muita fome! Logo você vai dormir... A altas horas, vai acordar e ficar com insônia... (Wanda interrompe o assobio, ficando por alguns segundos pensativa). Tudo porque você não quis ouvir seu estômago.
(Wanda fica com os olhos inquietos, como se estivesse concebendo a voz do Demônio como sendo a voz de seu inconsciente)
Demônio: Sem falar que amanhã você vai fazer... (Faz cara de nojo) Bah! Vai fazer jejum, e não vai poder comer nada. Por isso, é bom você ouvir seu estômago.
Wanda: (olhando para estômago) Como posso estar com fome? Acabei de jantar! (tenta se compenetrar) Não estou com fome! Não estou com fome! E não estou com fome!
Demônio: Está! (tentando novamente hipnotizá-la) Está com muita fome! Bolo de chocolate... X-salada... (Wanda passa a língua nos lábios, demonstrando estar com água na boca) salgadinho... maçã vermelhinha... Huuummm!
Wanda: (desconfiada) Pode ser que eu esteja com fome! Estranho!
Demônio: (em tom confidencial) Eu vi você pegar escondida aquela maçã. E também ouvi sua mãe proibir qualquer um de pegar uma das maçãs. (noutro tom) Ela estava com planos de fazer uma torta. Mas uma só não faz diferença mesmo!
(Wanda ameaça ir até a cama, mas acaba voltando à penteadeira para fechar um frasco invisível de perfume que supostamente havia ficado aberto).
(Demônio fica em sua retaguarda, como se fosse sua sombra. Porém, antes de chegarem à cama, Demônio quase atropela a moça, passando em sua frente, na intenção de ser o primeiro de chegar ao local).
Demônio: Está aí embaixo do travesseiro! Eu vi você colocar aí!
(Wanda ergue o travesseiro, encontrando a maçã e, também, sua Bíblia).

Demônio: (Impaciente) Vamos logo com isso! Pegue a maçã! Coma a maçã! Devore a maçã! Libere o instinto animal que existe em você! (Rindo) Hi! Hi! Hi!
Wanda: (Hesitando em morder a fruta) Como ou não como?
Demônio: Claro que come! Vamos logo com isso, garota! Eu não tenho todo o tempo do mundo! (olha para o relógio) Daqui a pouco eu tenho um adultério para celebrar! Tenho pressa!
(Wanda observa sua Bíblia. Apanha-a em sua mão, ficando a maçã na mão esquerda e a Bíblia na mão esquerda).
Wanda: (ambígua) Oba, comida!
Demônio: (apavorado) Essa não! Lá vem ela com artilharia pesada! Odeio Jeremias 15:16! Odeio a Bíblia!
(Wanda folheia a Bíblia sem muito interesse).
(Demônio debanda para sua barricada. Ele espia por cima da caixa).
Wanda: (boceja) Que sono que me deu! (Esfregando os olhos) Acho que é de ler estas letras miúdas.
Demônio: (interessado) Hum!
Wanda: (larga a Bíblia na cama, ficando só com a maçã nas mãos) Parece apetitosa!
Demônio: (à platéia) Adoro esse tipo de crente. Tem a faca e o queijo na mão, tendo chance de me derrotar, estando com a Espada do Espírito nas mãos, mas lançam-na para longe, desperdiçando a oportunidade. (imitando lutador de boxe) Prefere lutar com os próprios punhos. (rindo) Idiota! Com a força da carne ninguém pode me derrotar. (pisca para a platéia) Acompanhem-me nesta empreitada. Vejam como é fácil derrotar um crente sem a armadura de Deus!
Wanda: (indecisa) Como ou não como?
Demônio: Estão vendo aquela maçã? (demonstrando ser uma pergunta retórica) É claro que sim! Que eu saiba, na Bíblia não há nenhuma proibição em comer maçã! Conseqüentemente comer maçã não é pecado. Mas o que está em jogo aqui é o “obedecer” ou o “não obedecer” – é o “honra os teus pais”. Eu aposto todas as minhas fichas que desta vez ela cai.
(Ao terminar a fala, Demônio avança até a outra personagem).
Wanda: (ainda admirando a fruta) Que fruta mais bonita! Não é à toa que Eva não resistiu!
Demônio: (zombeteiro) (ao público) Ela ainda pensa que foi maçã. Wanda sempre foi mesmo uma guerreira sem munição. Não conhece nem o básico da Bíblia. Está precisando urgentemente freqüentar a Escola Dominical. Coisa que eu vou continuar fazendo de tudo para impedir. Afinal, eu já estou tendo um pouco de êxito.
Wanda: (à parte) O que é que tem se eu comer? (Divagando) Depois eu posso dizer que foi o Claudinho. Ninguém nunca vai descobrir mesmo! (com receio de estar sendo observada, dá uma rápida olhada para entrada. Certificada de que a “barra está limpa”, tira uma mordida enorme da fruta) Hum! (de boca cheia) Uma delícia!
(Enquanto Wanda continua a saborear fruta, Demônio volta ao seu “Q.G.” para apanhar uma espada). (Prepara a espada para dar um golpe traiçoeiro em Wanda. Passa o dedo na língua e depois no gume da espada, como que conferindo o fio).
Demônio: (pegando na pontinha da orelha) No ponto! (dá um golpe na altura das costelas da outra personagem).
(Wanda, sentindo a fisgada, derruba a maçã. Ferida, cai no chão).
Wanda: (gemendo) Ai! Que dor na coluna! (apanha o resto da fruta na mão) Será que esta maçã está carregada de agrotóxico?
(Wanda sai de cena, na intenção de livrar-se da maçã. Ela volta logo em seguida. Todos os seus passos são seguidos pelo Demônio).

Wanda: (esfregando as mãos, como se estivesse limpando-as) Espero que a mãe não veja a maçã no lixo. Senão estou frita!
(Wanda se direciona à suposta penteadeira. Ela finge espremer uma espinha ao espelho).
Demônio: (apalpando o bolso de Wanda) Veja! Você tem dois bombons! E são todinhos seus (solta uma gargalhada reprimida).
(Wanda não percebe a tentativa de comunicação do Demônio. Ela arruma seus cabelos, prendendo-os com grampos invisíveis). (Wanda, sem querer, encosta num de seus bolsos volumosos, no qual estão escondidos os bombons).
Wanda: (Percebendo o volume) Hein? O que temos aqui?
Demônio: É chocolate, sua boba!
Wanda: (tira o que está em seu bolso, percebendo que são dois bombons) Ah! Chocolate! (com olhos maliciosos) Chocolate!
Demônio: Estou vendo que se interessou!
Wanda: (muda o semblante). (imitando a voz de sua mãe). (apanha um bombom em cada uma das mãos). (entregando um bombom a um personagem invisível) Um prá você, Wanda! E se contente com um só! (com sua própria voz) (como que apanhando o chocolate) Obrigado, mãezinha querida!
Demônio: (zombeteiro) Como é falsa!
Wanda: (imitando a voz da mãe). (entregando o outro bombom a um personagem invisível) Outro prá você, Claudinho! (assumindo a posição do personagem invisível) Mãe, acho que não quero! Enjoei! (assumindo a posição de Wanda). (voz sua própria voz). (agressiva) Eu quero!
Demônio: (aplaudindo) Bravo! É assim que se faz!
Wanda: (reflexiva) Mas isso não é justo! (chorosa) Este bombom não me pertence!
Demônio: (nervoso) Ah, “qualé”?
Wanda: (coloca o bombom alheio sobre a cama). (personificando o bombom) Fique bem quietinho aí!
Demônio: (com ar de deboche) Lá vem ela com aquela estória de peso na consciência. (apontando-lhe o dedo indicador) Sei que você é fraca. Muita fraca. Não vai conseguir resistir.
(Wanda dá as costas pára o bombom alheio, e o outro, enfia-o inteiro na boca).
(Demônio vai até suas coisas para apanhar uma espada, na qual está escrito “INJUSTIÇA”).
(Confere o fio da espada). (Aproxima-se de Wanda).
Wanda: (de boca cheia) Hum! Uma delícia! Não existe coisa mais gostosa do que chocolate!
Demônio: Existe sim! (aponta para o outro chocolate) Está bem ali. (pequena pausa) E se chama “chocolate alheio”. Esse é (dando maior entonação) inúmeras vezes mais gostoso!
(Wanda, como se ouvisse a voz do Demônio, encontra com os olhos o bombom do irmão).
Wanda: (tapando os ouvidos) Não posso ver! (Percebendo o erro, tapa rapidamente os olhos) O-opa! (tenta se distrair assobiando)
(Subitamente, corta o assobio. Levanta o nariz, num movimento exagerado, como se estivesse sentindo o cheiro do chocolate).
(Demônio, todo sorridente, vai até o bombom. Num gesto de comicidade, abana próximo ao bombom em direção a Wanda, como se estivesse tentando conduzir o cheiro até as narinas da outra personagem. Exagerado, ajoelha-se, sopra no bombom, visando as narinas de Wanda. Tudo para que a moça se sinta tentada).
Wanda: (destapa os olhos) Hum! Que cheirinho!
Demônio: (num riso malicioso) Hi! Hi! Hi!
(Wanda vai até o bombom. Olha ao seu redor, tentando ver se não está sendo observada).
(Demônio ergue a espada preparando o golpe).
Wanda: (agacha-se próximo à cama). (apóia os cotovelos sobre o colchão). (olhos fitos no bombom). (suspira) Ai! Ai! Por que será que o que é do outro tem sempre uma aparência mais saborosa. (inspira o aroma) E que cheirinho!
Demônio: (feroz) Vamos logo com isso, garota! Devore! Coma com o papel! (noutro tom) Depressa! Alguém pode entrar aqui a qualquer momento. (esforça-se para não explodir em uma gargalhada). (cochichando com o público) É isso que estou torcendo!
(Wanda apanha o chocolate. Confere se não está sendo observada).
(Lentamente ela desembrulha o bombom. Arrependida, fecha a embalagem novamente, deixando-o sobre a cama).
Wanda: (arrependida) Não posso!
Demônio: (brabo) Mas que infantil! (noutro tom). (apontando o chocolate) Veja só! Ele está todo derretido!
Wanda: (apanha o bombom). (como se estivesse ouvido a voz do outro personagem) Está todo derretido! (divagando) O Claudinho está na puberdade. O rosto cheio dele mais parece um abacaxi. E chocolate só aumentar ainda mais as suas espinhas.
(Resoluta, Wanda tira uma mordida enorme do bombom. Expressa satisfação. Lambe os dedos).
(Demônio, dando uma gargalhada, faz que afia a espada no próprio braço. Olha em direção a platéia. Balança as sobrancelhas. Dá um sorriso sarcástico. Prepara-se para o golpe).
(Wanda ainda saboreia o chocolate).
(Demônio acerta o golpe na altura da barriga da outra personagem).
Wanda: (encurva-se). (colocando a mão sobre a região do corpo supostamente lesada) (de boca cheia) Ai! Ai! Acho que a maçã não me caiu bem! Ou seria o chocolate? (noutro tom) Mas tão rápido!
(Wanda, ainda sob o efeito do golpe, avista a Bíblia. Encurvada, avança até ela. A moça demonstra uma melhora gradativa, culminando com sua chegada ao Livro Sagrado).

Wanda: (completamente sã). (Apanha a Bíblia) Eu sempre ouço uma voz me chamando!
Demônio: (Chamando-a) Wanda! (Noutro tom) Viu! É a minha voz! (Repetindo) Wanda!
(Wanda coloca a Bíblia no peito. Faz como se estivesse avistando uma nação longínqua).
(Demônio, cômico, posiciona o olhar na mesma direção. Faz gestos de não estar vendo nada).
Demônio: Boba! Não aja por emoções! (em tom confidencial). (ao ouvido de Wanda) Esqueça! Isso só pode ser coisa do diabo. (estourando numa gargalhada) Você nem leva jeito pra isso!
Wanda: (abanado a orelha, como se estivesse espantando uma mosca) Não pode ser a voz do diabo. (convicta) Eu sinto que é um chamado divino. Eu sinto no meu coração. É um chamado divino!
Demônio: (misterioso) Eu já apago teu facho! Espere só um pouquinho!
(Demônio avança até sua barricada. Apanha uma caixa, das do tamanho das de sapatos. A caixa traz os seguintes dizeres: “Tachinhas antievangelismo”).

Wanda: (sonhadora, caminha pelo palco, como se avistasse as terras longínquas) África, Oriente Médio...
(Demônio espalha as suas tachinhas invisíveis por todo o palco).

Demônio: (olhando para a platéia) Eheheheh!
Wanda: Congo, Zaire, Nova Guiné, Irã, Tur... (pisa numa tachinha, grita escandalosamente) Ai! Ai! Ai... (mancando, volta à sua cama). (senta-se). (desanimada) Muitos são chamados... (pequena pausa) mas poucos são os escolhidos. (imitando a voz rouca de pessoas idosas) Eu já estou velha demais! As costas... (endireita a coluna) Ai! Doem... Os pés... (massageia-os) estão cansados demais. (só agora solta a Bíblia). (animando-se) Irra! Eu quero mais é sombra e água fresca!
Demônio: Eheheh! É assim que se fala! (beijando a caixa de tachinhas) Eu amo vocês, queridinhas! (à Wanda) Espere só mais um pouquinho! Eu já estou a destruindo quase que completamente!
(Demônio revira suas coisas, até encontrar uma caixa comprida que traz os seguintes dizeres: “Dardos Inflamáveis.” Demônio retira com todo o cuidado um dardo invisível. Risca um fósforo invisível na própria calça, “ateando fogo” no dardo.)

Wanda: (levantando-se) Vidinha boa! (Espreguiçando-se) Mas que preguiça! (Boceja)
(Demônio lança o dardo para o ar, tendo em mira Wanda. O personagem acompanha toda a trajetória do dardo, até ele atingir o “alvo”).
(Wanda, atingida, cai na cama)
Demônio: (cantando vitória) Yes! Yes! Yes! Na mosca!
(Wanda levanta-se com dificuldade, com a mão sobre a parte do corpo, supostamente, atingida).
(Demônio procura outro objeto em suas coisas. Encontra um porrete no qual há um papel preso a ele que traz os seguintes dizeres: “Anestesia para o pecado”. Demônio olha para a platéia. Balança as sobrancelhas. Retira o papel apresentando a platéia, para que todos possam ler os dizeres. Demônio coloca o dedo indicador próximo aos lábios, pedindo cumplicidade e silêncio. Ele esconde o porrete atrás das costas e avança até Wanda).
(Wanda está sentada na cama, lendo o texto sagrado, sem muito interesse. Ao aproximar-se, Demônio acerta-lhe uma cacetada na cabeça da outra personagem. A moça demonstra estar zonza. Levando-se, meio cambaleando, mas sem tirar os olhos da Bíblia).
Wanda: (incrédula) Besteira! A Bíblia já está ultrapassada! E ainda... (pisando numa tachinha) Aaaiii!
Demônio: (à platéia). (num sorriso irônico) Minhas tachinhas antievangelismo são mesmo eficientes, não é mesmo!
(Wanda, ao pisar nas tachinhas, desequilibra-se, caindo de tal forma que seu rosto se encaixe com a Bíblia. Ela levanta-se. Demonstra mais interesse pelo Texto Sagrado).

Wanda: (lendo a Bíblia (Ef. 6:13)) “Portanto tomai toda armadura de Deus para que possais resistir no dia mau...” (prosseguindo por mais alguns segundos a leitura apenas com os olhos) “Armadura de Deus”! (entusiasmada) Era disso que eu estava precisando. (marca a Bíblia com o dedo, fechando logo em seguida. Fica a refletir).
Demônio: Pára com isso! Armadura de Deus não existe. O apóstolo Paulo só estava brincando. Além do mais, a Bíblia já está bastante velha, mesmo. Estes escritos foram de grande valia, mas só para aquela época. (noutro tom) Você está cansada!
(Wanda, como se tivesse ouvido a voz do personagem Demônio, demonstra cansaço nos ombros, massageando-os com as próprias mãos).
Demônio: Vá dormir! Talvez amanhã você possa entender melhor estas palavras. Agora, vá descansar! Você merece! Foi um dia realmente cansativo. (Wanda demonstra mais sono, bocejando) Amanhã nós prosseguimos! (Dando uma gargalhada reprimida) Ihihihih!
Wanda: (esfrega os olhos para despertar). (resoluta) Não! Eu preciso da armadura de Deus pra hoje!
Demônio: (num lamento infantil) Ichi!
Wanda: (humilde, eleva os olhos para o céu) Senhor...
Demônio: Oh! Não!
Wanda: ...não sei como iniciar esta oração. Como tenho andado distante de ti...
Demônio: Boba! Deus não vai te escutar, mesmo!
Wanda: Por favor, Senhor, preciso de mais uma chance!
(Wanda fica um pouco em silêncio, como se ela assumisse a próxima fala do outro personagem como sendo a voz de sua consciência).
Demônio: Você quer mais uma? Não acha que está pedindo demais? E o bombom do Claudinho? A maçã, sua gulosa! Você nem estava com fome e estava se empanturrando!
Wanda: (ajoelhando-se) Senhor, sei que errei! E agora minha consciência fica me acusando!
Demônio: (irônico) Troquei de nome agora!
Wanda: Sei que tu pagaste o preço do perdão de meus pecados. Lavaste minha alma de minhas transgressões, com teu sangue vertido lá na cruz.
Demônio: A barra está começando a ficar pesada!
Wanda: Purifica meu coração. Reconheço que tenho agido erroneamente. Dá-me forças para vencer o inimigo.
Demônio: Eeeepa!
Wanda: Quero munir-me da tua armadura.
(Entra em cena o personagem Anjo).
Demônio: (sem perceber a entrada do outro personagem) Lorota! (percebe) Oh! Não!
Anjo: (autoritário) Cala-te!
(A partir deste momento toda a fala do personagem Demônio é inaudível pela platéia. Ela só volta ao normal no final da peça, quando ele faz o desafio de espadas).
(Demônio foge da presença do Anjo, escondendo-se em sua barricada).
Wanda: (abrindo a Bíblia na página marcada) Senhor, o que estou te pedindo não é nada fora da Bíblia, está aqui na Tua Palavra. Não é nenhuma invenção de minha cabeça. Eu quero! Eu preciso!
(Wanda agora faz uma prece silenciosa, mexendo somente os lábios. Deixa as mãos na posição de receber).
(Demônio apanha uma espada, avança até Wanda. Sempre dando a impressão de estar lançando-lhe palavras desafiadoras, desencorajadoras e de zombaria).
(Anjo estende a mão ao alto, como se estivesse recebendo do próprio Deus, armamentos espirituais. Esses, para a platéia serão invisíveis).
Anjo: (Após ter recebido o armamento, faz como se estivesse colocando um cinturão em Wanda) Proteja seus quadris com a Verdade. Jesus é esta Verdade. E ele é a Verdade que liberta.
(Demônio, traiçoeiramente, acerta um golpe de espada na altura dos quadris de Wanda. Demonstra sentir um forte impacto, como se estivesse chocado ferro com ferro).
(A moça dá a impressão de não perceber a guerra entre as forças travada em sua vida).
(Demônio demonstra estar furioso, arremessando ao chão sua espada. Volta ao seu Q.G.).
(Anjo demonstra alegria. Olha para o céu, louvando a Deus).
(Anjo estende a mão aos céus, como se estivesse recebendo um novo armamento. Supostamente é uma couraça).
Anjo: ( vestindo a couraça na moça) Proteja o peito e o coração coma justiça. Pois o Senhor Jesus Cristo transferiu a vós a sua Justiça.
(Enquanto isso, o Demônio já se aproximou com outra espada. Ele tenta atingir o coração de Wanda. Como a espada é, propositadamente, de isopor, ela se quebra. Ele se enfurece, lança para longe o toco de espada, voltando ao seu Q.G.).
(Anjo louva a Deus. E recebe um novo armamento, que é um escudo).
Anjo: (armando a moça) Seu escudo é a fé. E com ela você poderá apagar todos os dardos inflamados do inimigo.
(Demônio apanha um dardo inflamável. Faz mímica de estar riscando um fósforo e ateando fogo no dardo. Lança-o contra Wanda. Fica a acompanhar todo o trajeto do dardo. Mas algo dá errado. Demônio foge, como se o dardo voltasse contra ele. Ainda em fuga, como em desenho animado, o dardo acaba atingindo o seu traseiro). (Ele faz cara feia, tirando o dardo de sua carne. Mancando, volta para o Q.G.).
(Anjo louva a Deus, recebendo um novo armamento que é um capacete).
(Demônio apanha seu porrete (“anestesia contra o pecado”)).
Anjo: (Colocando o capacete invisível na cabeça de Wanda) Tome o capacete da Salvação!
(Demônio, já completamente são, aproxima-se de Wanda com o porrete. Acerta-lhe um golpe na cabeça. Ele sente um tremendo impacto, como se tivesse batido em algo maciço. Furioso, lança fora o porrete. Batendo os pés, de raiva, volta para seu Q.G. Fica a observar os movimentos dos demais personagens).
Anjo: (chamando a atenção de Wanda) Hei! (Wanda abre o olho) Tomai a Espada do Espírito, que é a Palavra de Deus. (aponta para a Bíblia).
Wanda: (aproximando-se do Livro) Minha Bíblia!
(Wanda vai até a cama. Embaixo da colcha há escondida uma enorme espada. Nela há escrito “Bíblia” em letras garrafais).
(NOTA: A personagem Wanda deve apanhar a espada e, simultaneamente, como num passe de mágica, esconder a Bíblia. A idéia é como se a Bíblia se transformasse, literalmente, em espada).
Demônio: (apanhando sua espada). (sua voz volta ao normal) Então, é uma luta! (coloca a mão sobre o lábio, como se estivesse maravilhado por sua voz ter voltado) Voltou! (à Wanda) Uma de espadas. (desafiador) Venha! (mesmo com essas palavras, é o Demônio que se aproxima, empunhando sua espada).
(Wanda empunha a espada que é no mínimo o dobro da do outro personagem).
Demônio: (engole seco) Glup! (num sorriso de desapontamento) Acho que não vai ser desta vez!
(Demônio, amedrontado, caminha de costas. Tropeça em qualquer coisa e cai. Debanda até seu Q.G. Todo atrapalhado, tenta juntar suas coisas, tomando cuidado de deixar por último a caixa de tachinhas antievangelismo).
Demônio: (espalhando as tachinhas pelo palco) Eu vou! Mas minhas tachinhas ficam! Eheheheh! (Para Wanda) Eu sempre estarei ao seu redor, esperando uma brecha. Um dia eu ainda lhe – nhac! Vou lhe tragar!
Anjo: Estaremos esperando!
(Anjo faz mímica de estar recebendo um novo armamento, são sapatos. Ele ajuda a moça a calçá-los).
Anjo: Os seus sapatos conduzirão os seus pés por um longo caminho, onde você irá transmitir as boas-novas de salvação.
(Wanda age como se estivesse despertado de um sonho. Ela tem agora um ar de guerreira. Corre pelo palco. Algumas vezes pára, fica a observar algo distante. As tachinhas invisíveis já não são mais sentidas).
(Anjo observa Wanda. Dá um sorriso de missão cumprida. Ergue os olhos para o céu, como que para louvar o Criador. Feliz, sai de cena).
Demônio: (furioso) Droga! Mil vezes droga! (lamentando) Por que é que tinha que existir Bíblia? (apanhando suas coisas) Derrotado de novo! (saindo de cena) O que é que eu vou dizer para o “chefe”? Estou frito!
Wanda: Agora, sim! Estou preparada para a guerra. Com a armadura de Deus tudo fica mais fácil. (pisca para o público) Minha guerra... Aliás, nossa guerra! Eu não estou sozinha nessa batalha. Essa guerra não é contra pessoas feitas de carne e sangue. Não vou usar minha espada (mostra a Bíblia, que propositadamente já foi trocada pela espada no decorrer da cena) para golpear meu irmão para vê-lo sangrar e me fingir de “santinha”. A Palavra é luz, e o Espírito de Deus fará com que meu irmão saia da escuridão. Não vou golpeá-lo para mostrar o fio da Palavra, que é mais cortante do que alguma espada de dois gumes, mas vou tratar de suas feridas. (ao público) E aí, irmão! Não quer se alistar para esta guerra, sob o comando do Grande General? Tomar posse da armadura de Deus? Entrar para o batalhão de Jesus? As forças do inferno não prevalecerão contra vocês!

Fim

FONTE BLOG TEATRO CRISTÃO

0 comentários:

Postar um comentário

template by welyton